MEU MELHOR POEMA
O meu melhor poema
Dos que escrevi nem sei!
Dos que poderei escrever
Nem sequer imaginei!
No meu melhor poema
Falaria do amor de Deus…
Desse seu amor infinito
Que atravessa os céus!
Falaria da nossa amizade
Da mentira e da verdade…
Do sofrer da humanidade
Do que é sentir saudade!
Esse poema falaria também
De homens que quase se comem…
Na fé num futuro consistente
Ao alcance de toda a gente!
Dos governos em mudança
Num constante vai e vem…
Lutando pela sua liderança
Nos votos que os mantêm!
Dos sonhos que nós alimentamos…
Das fantasias que arquitectamos…
Dos nossos distintos universos
De que falam teus e meus versos!
Dum horizonte de devaneios sem fim…
Das belezas que Deus inseriu no jardim…
Do homem que age como selvagem…
Sem ter consciência dessa imagem!
Do encanto das florestas e parques
Das montanhas, dos rios e bosques…
Dos atractivos que têm os mares…
Das árvores, plantas e das flores!
Do pensar dos jovens e dos adultos
De como é tão fácil fazer insultos…
Do direito que temos à felicidade
E do respeito pela dignidade!
Rui Pais
14/10/2005
MEU MELHOR POEMA III
ODE TRIUNFAL
Meu melhor poema fala do autêntico…
Da Terra em torno dum eixo concêntrico!
Acusa o sussurro da natureza descontente
E acompanha o curso da evolução galopante!
Poema fascínio que recebe a energia solar…
Multidão desvairada que o quer memorizar!
Poema voando mais leve que qualquer ave…
Numa ode triunfal onde não chega a nave!
Meu melhor poema está no âmago do pensamento…
Cruzará os céus por mais sinistro que seja o vento!
Será exibido num distinto museu de Literatura…
Como um diadema em homenagem à cultura!
Rui Pais
01/07/2006
RENASCIMENTO DA ALMA LUSA
O país é aguerrido ainda que pequeno…
Grande é o espírito do dócil lusitano!
Emergindo da prole do ilustre Camões…
Vê despontar nova vaga de campeões!
A alma deste país é por demais arrojada…
Nação forte tantas vezes comprovada!
Irrompes num triunfal renascimento…
Símbolo aventureiro que agora canto!
Por isso elevo esta nação de Portugal
Que nesses oceanos se tornou imortal!
Velejando pelo oriente e seus confins…
Plantou à beira-mar pomares e jardins!
Pátria que dá sentir profundo à saudade!
Que criou um destino a que chamou fado!
Locuções profundas do Luso sentimento…
Exalto sua poesia nos poetas de talento!
Rui Pais
05/07/2006
A ÁGUA CAÍDA NA TERRA
Eu sou como o
leito dum rio
Cuja água não corre
Da secura e do vazio
Dum caudal que morre…
Morre porque não choveu
Sempre vi limpo o céu
Não havia nuvens a passar
Nem o vento a soprar…
O que acontecerá
Peixe no rio não tem
Água para beber idem…
Manda Senhor por favor
Regar o teu jardim
Coloca tudo em flor
Como só tu sabes pôr…
E ressuscita a vida
A vida que se alimentava
Da água na terra caída…
A BRISA
QUE VEM DO MAR
O dia está transparente
Foi o raiar da aurora
Que acordou minha mente…
Corre uma brisa suave
Levantou-se um vento leve…
Passa por mim como um beijo
Num soprar intenso mas breve…
Sinto-o mas não o vejo…
Volta a mim como um desejo…
É um envolvimento constante
Que refresca meu semblante…
Perto daqui está o meu mar
E sinto vontade de o abraçar!
Esta frescura é envolvente
Chega e some de repente…
Agora o vento sopra forte
O Sol ainda não chegou
Ao espaço onde estou…
Este é um vento marítimo
Trás seu próprio ritmo…
Deixa a sensação interior
Duma harmonia superior…
E eu inspiro e expiro…
Extasiado respiro
Neste ameno ambiente…
Até que me retiro
Ao olhar o relógio
Repentinamente …
Rui Pais
09/06/2005
NA TRANSPARÊNCIA DO LAGO
O amor é como um baluarte
No saber amar há muita arte…
Assim como o som tem um tom
É preciso abranger esse dom!
O amor está nos nossos corações
Em ambos os sexos há palpitações…
Como afluentes que formam um rio
Nenhum rio foge ao seu desafio!
Olhei tua face na transparência do lago…
Teu rosto nele reflectido mexeu comigo…
Vi um semblante muito fino e esbelto
Tentei acariciá-lo e estava coberto!
Encontrei-te junto à água desterrada
Eu queria-te para minha amada…
Vi-te um fruto apetitoso pela manhã
Como quando ainda está verde a maçã!
Eu sou o Sol que te aquece…
Trago a luz que te fortalece…
Entregamo-nos ambos ao amor
Em nossos corpos sobe o rubor!
Deixa-me acariciar teus seios…
Quero saciá-los com beijos…
Meus lábios procuram tua boca
Minha voz de paixão está rouca!
Meu corpo enrosca-se no teu…
Rápido, tornas-te no meu céu…
Deixa-me entrar no teu jardim
Flutuar nesse éden sem fim!
Quero possuir teu coração…
Seremos como Eva e Adão…
Formaremos o nosso paraíso
A partir de teu doce sorriso!
Rui Pais
01/01/2006
SENSIBILIDADE DO POETA
O poeta tem a sensibilidade
À flor da pele
Nada tem a ver com a idade
Mas com ele…
Rui Pais
26/09/2005
NA MARINA DE CASCAIS
Estou neste complexo junto ao cais
Como é enorme a Marina de Cascais…
Vê-se embarcações que vêm e vão
Neste mar português da imensidão!
Em resultado deste ameno dia
Há uma bela vista sobre a baía…
São poucas as gaivotas a voar
Imensas no paredão à beira-mar!
Na frente, a praia e o continente
Sereno o oceano nem se sente…
A vista é bem ampla, agradável
Num cenário de clima invejável!
Tantos yates de várias dimensões
Alegra-se a vista e os corações…
O movimento ultrapassa o vulgar
Radiosa manhã, de deslumbrar!
É difícil descrever esta paisagem
Tem tudo como uma longa viagem!
Quero guardar esta linda lembrança
Para recordar como se fosse criança!
Há um efeito muito especial no ar
É a energia do Sol que se faz notar…
Trás ao meio alento e harmonia
Uma brisa suave faz uma carícia!
Vejo Cascais, a serra, o Estoril…
Moradias e mansões mais de mil…
Não consegui resistir à tentação
Quando o Outono vestiu o Verão!
Rui Pais
05/10/2004
A LUA A TERRA E O ECLIPSE DO SOL
Quando eu não te vejo Lua solitária
Não és mais que uma Lua imaginária…
Confundes-me! Não sei se te dê um beijo…
Como não sei se te odeio ou se te desejo…
Andas a namorar o Sol às escondidas,
Ou foram promessas não cumpridas?
Estou sentido… sei que agiste por inveja!
E foste colocar-te entre Mim e Ele
Tapando a luz para que o não veja!
Lua, isso não se faz a um amigo…
Nem sequer ao nosso pior inimigo!
Eu fico decepcionada contigo…
Provocaste um eclipse na tua vaidade
Despertando a atenção da humanidade
Em sossego numa passiva tranquilidade…
Pretendes que eu te destrone
E nesse vácuo te abandone?
Ficas flutuando gelada à deriva…
Aí não há uma única alma viva…
Quem é que te protege e segura
Nos limites dessa tua amargura?
Eu sei que tu és muito subtil
Vê-se esboçado no teu perfil…
Giras sem parar em redor de mim…
Eu tenho uma órbita noutro confim…
No Universo respeita-se as hierarquias
Lua, toma teu lugar e deixa as fantasias!
Rui Pais
04/10/2005
O VALOR DUM HOMEM
Eu valorizo o ser humano
Numa apreciação global
Não apenas por sua cor
Tendência desportiva
Política, ou doutro valor…
Uma pessoa simples na humildade
Pela sua conduta em sociedade,
Por sua educação e honestidade,
No conjunto destes sentimentos
Que analiso pelos argumentos…
Não gosto de me sentir sob pressão
Ou qualquer outro tipo de coacção…
Como gente que perdeu a dignidade
A sua autonomia e a sua autoridade…
À esquerda, ao centro, ou à direita,
Aí estarei, não por haver uma maioria,
Ou para ficar do lado da minoria,
Mas, onde encontrar imparcialidade
De acordo com minha personalidade…
Rui Pais
30/09/2005
A GAIVOTA E O SONHADOR
A gaivota planava no litoral
Entre o oceano e o areal
À beira-mar onde habitava…
Num voo plano e rasante
Em tudo o que mexia flutuante
Aí pousava seu atento olhar…
Andava em busca de alimento…
Favorecida pelo soprar do vento
Ainda assim não achava sustento…
O homem que a invejava
Na distinta forma de voar
Logo pensou em a imitar…
Criou daquelas fantasias
Que se tornam teimosias
Complexas de concretizar…
Reflectindo melhor compreendia
Que se tratava duma mera utopia.
Colocou sua mente no devido lugar
E ficou feliz por as poder observar…
Rui Pais
30/09/2005
MINHAS DÚVIDAS
Senhor gostaria de saber
De tudo o que não sei…
Diz-me de tua ciência
Que eu aprenderei…
Quantos anos de vida
Já tive neste universo…
E quem me deu guarida
Neste mundo tão complexo?
Porque ao existir o bem
Tem que se opor o mal…
E qual a razão da guerra
Num contexto universal?
Porque há doenças tão vulneráveis
E tantas enfermidades incuráveis?
Porque nascem seres deficientes
Sem membros, braços ou pernas
Neste mundo que TU governas?
Porque uns têm fortunas incalculáveis
Enquanto outros são tão miseráveis…
Qual é a razão de tal disparidade
Num mundo cruel cheio de maldade?
Enquanto uns vivem sem lar na rua…
Outros em casa alugada ou na sua.
Perdoa minha ignorância Senhor!
Busquei-te, és um SER esclarecedor…
Rui Pais
28/09/2005
O HOMEM NA POSSE DA TERRA
Sem um limite no seu querer
O homem já detém o poder!
Com o dinheiro vai comprando
As terras que vai anexando…
Tendo um património saudável
Que abrange uma terra arável…
Ele, que detém a hegemonia
Terá que o transferir certo dia…
Passando a um herdeiro
Que mais tarde como ele
Sentirá o peso da terra
Sobre o vazio do dinheiro…
Rui Pais
25/09/2005
AMOR DISTANTE
Pensei no meu amor ausente
Ele também pensou em mim…
Era uma separação gigante
Plantado nesse mar sem fim!
Passeando numa praia…
Ela apanhava conchas
No rebentar das ondas…
O Sol no horizonte
Queimava-lhe a fronte…
Senti uma forte comoção
E vontade de a beijar…
Mas era um sonho distante
E não a podia abraçar…
Rui Pais
13/06/2003
AS FRONTEIRAS DA TERRA
A Terra não tem fronteiras…
O Planeta logo se agita
Ao ouvir falar de asneiras…
Absurdos que ela enjeita!
Uma raça tomou posse
Deste território aqui…
Uma outra mais acolá!
Entre terras de cá e lá
Está a que sempre vivi!
As fronteiras não naturais
São demarcações irreais…
O homem as delineou
Quando aqui se multiplicou!
O Planeta à vista do céu
Respira vida e liberdade…
Deus assim o concebeu
De sua espontaneidade!
As fronteiras são as marcas
Que delimitam certas comarcas.
A Terra não entende assim…
Rejeita repartir seu jardim!
Rui Pais
25/09/2005
O PODER DO DINHEIRO
Vivemos numa época conturbada
Sem o dinheiro não se faz nada…
Ele compra qualquer mentira…
Leva-nos a liberdade que retira…
Não terá sido assim toda a vida?
Assalta-se por causa do dinheiro…
Assassina-se para roubar dinheiro…
É preso porque trafica com dinheiro…
Tem trabalhado seu tempo inteiro
Para conseguir amealhar dinheiro…
Veste-se consoante o seu dinheiro…
Alimenta-se controlando o dinheiro…
Morre de fome se não tem dinheiro…
Ostenta-se o poder quando se tem
Demasiado dinheiro…
Dinheiro também é podridão…
Está infestado de corrupção…
Retira-nos até a liberdade …
Dinheiro não tem caridade…
O dinheiro compra tudo…
Resolve um caso bicudo…
Nem é preciso tocá-lo…
Basta só encaminhá-lo…
Rui Pais
22/09/2005
A DISTÂNCIA E O TEMPO
Para cada distância há um tempo…
Um tempo de minha casa à sua…
O tempo que me demoro na rua…
O tempo que percorro com meu olhar…
Enquanto alcanço o fascínio do mar…
O tempo do Sol a chegar à Terra…
Oito minutos cruzando a atmosfera…
Há um tempo para cada coisa
Vejo uma ave sublime que poisa…
Um tempo difícil de calcular
No espaço interestelar…
Por esse céu azulado
Que me deixa extasiado…
Rui Pais
25/09/2005
SONHO E PESADELO
Vejo adiante um futuro
E nele vejo-me a mim…
Revejo-me neste mundo
Num cadenciar sem fim…
Encontro-me num sonho
Vou ao encontro do meu ninho…
Também tenho um pesadelo
Que não me serve de modelo…
Aí, viajo na incerteza
Dum tempo austero…
Mas não vejo a beleza
Por estar em desespero…
Sufocando perdi o humor
Por não encontrar o amor…
Aquele amor da fraternidade
De que carece a humanidade…
Rui Pais
24/09/2005
SER POETA É
Ser poeta é sentir o respirar do mundo…
Contemplá-lo num êxtase mais profundo…
É admirar a natureza na sua plenitude
Entendendo a destreza dessa magnitude…
É querer abraçar este vasto horizonte…
Nos espaços vazios conceber uma ponte…
É orgulhar-se da sua arrojada missão
E saber controlar os impulsos do coração…
Ser poeta é conter uma fonte a jorrar
Sem que seu manancial se consiga esgotar…
É sonhar onde ainda não existe o sonho…
É conceber o grande, o belo e o medonho…
É alcançar seja que ponto no espaço
No instante em que dá o primeiro passo…
É ser um indivíduo bastante visionário
Ter a perspicácia de recriar o lendário…
É viajar com o nosso pensamento
Para lá de qualquer entendimento…
É mover-se por uma força inabalável…
Ir além do contexto do inultrapassável…
É vencer essa barreira de que já foi capaz
Sem o receio de o vir relatar cá atrás…
É abrir um grande trilho no seu caminho
É ter essa força de o explorar sozinho…
Ser poeta é perceber o peregrino
Aceitá-lo na sua busca pelo divino…
É sentir que existe um DEUS Bendito
O Criador deste Universo inaudito…
Rui Pais
31/08/2005
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MEU MELHOR POEMA II
A PIRÂMIDE NO VÉRTICE
Meu melhor poema será digno
Dum enredo impar, fidedigno!
Surgirá sem um prévio aviso…
Numa sublimação do improviso!
Um dia quando isso ocorrer…
Comovido terei de o enaltecer!
Obra de concepção sem preço…
Guardado como um bebé de berço!
Eu o manterei ao meu alcance…
Para ser relembrado num ápice!
Poema elixir que absorvo num cálice
Contemplando a pirâmide no vértice!
Rui Pais
29/06/2006
MEU MELHOR POEMA IV
DA TERR PARA O CÉU
Meu melhor poema pelo seu teor demonstra
O difícil que é achar a genuína pérola na ostra!
Vou esculpi-lo na pedra colorida do alabastro.
Dar-lhe o fulgor que vejo no Sol como astro!
Este poema será exibido na Terra para o Céu
À vista do mar com o poder que Deus me deu!
Emergirá do mais íntimo do meu sentimento
Numa exaltação apoteótica do pensamento!
Rui Pais
02/06/2006
MEU MELHOR POEMA V
ODE À NATUREZA
Meu melhor poema será anunciado por trovões
Num troar contínuo entre clarões e emoções!
Terá na oração fé em Deus, o milagre celestial…
Um raio de luz confirma a benesse espiritual!
Uma trova intuitiva tal qual a água mais pura…
De tons animados como o âmbar e a púrpura…
Numa celebração sumptuosa pela madrugada!
Deslumbramento emotivo ao raiar da alvorada…
Evocando os jardins suspensos da antiga Babilónia!
As belezas naturais nos recônditos da Patagónia!
A sinfonia ambiental duma efusiva festa viva…
Na total absorção de minha vista contemplativa!
Rui Pais
04/07/2006
MÃE MULHER EXEMPLAR
Mãe que me geraste como a semente no solo
Para mais tarde fortalecer meu próprio casulo!
Mãe que me criaste com tanto carinho e aprumo…
Deste-me este corpo para ser um fio-de-prumo!
Mãe mulher e esposa com o sentido da vida…
Dentro e fora de casa és uma janela florida!
Mãe que encaras o homem sem o questionar!
Tu que as lágrimas não deixas transparecer…
Esboças um belo sorriso em vez de chorar!
És um prodígio mãe, a mulher mais exemplar!
Rui Pais
07/05/2006
A ÁRVORE E O HOMEM
Assim como uma árvore
Surge duma semente
No seu próprio ambiente.
Uma criança ganha vida
No ventre de sua mãe querida.
A árvore é o próprio conceito
De respeito pela natureza.
O homem com seu preceito
Causam-lhe grande incerteza.
Dono e senhor de seu querer
Torna-se o encanto e desencanto
Duma outra forma de vida
Que quer lutar para sobreviver.
Rui Pais
26/02/2004
ABRACEI O MAR
Abracei o mar na maré-cheia…
Senti-o correr nas minhas veias
Analisei-o com o pensamento
Mar salgado de tanto lamento!
Entrei na tua água gelada
Com parte de minha roupa molhada
Onde as ondas num branco de espuma
Se desfaziam na areia uma a uma!
Mar que enganas e fazes naufragar…
Mar de ir e nem sempre voltar…
Mar de estranha dimensão…
Mar que também és sedução!
Mar sereno porque tanta vaidade
Sempre te conheci desde tenra idade!
Mar irado, sem contemplação
Quando te transformas em furacão!
Mar, três quartos da Terra…
Mar idílico do alto da serra…
Mar da brisa primaveril…
Mar autêntico e viril!
Rui Pais
06/01/2006
RENASCIMENTO
Eu banhei-me no mar da humanidade
E entendi o teor de sua salinidade!
Vi na raça humana a desigualdade…
E na água pura não havia toxidade!
Mas é nela aos poucos e a sua vez
Que antevejo uma seca e escassez!
Nossa terra tão doce como o mel
Dá-nos a provar pedacinhos de fel!
Eu renasço do âmago de teu interior
Profundo, austero, mas vivo e tem cor…
Surjo das entranhas da chama da terra
E subo como prece ao alto da serra!
Volto a recuperar minha alma da lama
E atesto o reaver de minha identidade…
Eis que o vulcão dentro de mim se acalma
Regressando à sua tranquila castidade!
Rui Pais
17/12/2005
BUSQUEI O SOL
Busquei o Sol, já estava no zénite…
No calor senti uma brisa atenuante…
Olhei em redor como um desafio
Entendi a aragem típica do Estio…
Vi água a correr abundante
E o ar em redor era quente…
Senti um tal arrebatamento
Como o fortuito soprar do vento!
Um convite a nadar…
Um convite a mergulhar…
Um convite a boiar…
O convite virou desejo…
Desejo de água e mar…
Desejo de me molhar…
No Sol parecia haver agora
Um declínio devido à hora…
Quando o busquei no horizonte
O entardecer já ia no poente…
Aqui neste espaço consagrado
Em incompreendida ascensão
Repete-se o dia a dia deste fado…
Em forma de súplica na oração
Em que a turva luz que partia
Hipnotizava de sono a multidão
Até ao clarear do seguinte dia!
Rui Pais
28/11/2005
MEUS POEMAS
Gostaria de escrever um poema
Similar à lapidação do diamante…
Que fossa belo e muito brilhante
E escrito num breve instante!
Gostaria de escrever um poema
Como o faz na pedra o escultor
Dum bloco de mármore ou granito
Regista a patente do último grito!
Gostaria de escrever um poema
Como o culminar duma catedral
Com ferramentas rudimentares
Elevou ao auge a época medieval!
Gostaria de escrever um poema
Que evocasse uma capital europeia
Paris, Londres, Lisboa, Madrid, Milão
Roma, Praga, Viena ou Amesterdão!
Gostaria de escrever um poema
Sobre os tempos da guerra-fria…
Dessas ditaduras do bloco de Leste
Como Moscovo, Sófia, Bucareste!
Gostaria de escrever um poema
Sobre as belezas das montanhas…
Dos tesouros em suas entranhas…
Da magnificência dos lagos Suíços…
Do gelo rijo nos Alpes maciços!
Gostaria de dedicar um poema
Às crianças, adultos e anciões
Sobre as próximas gerações...
O passado que não viveram…
E desse futuro que veneram!
Rui Pais
11/11/2005
FALAR DE AMOR
Hoje quero falar de amor…
Do amor verdadeiro…
Aquele que te dedico
A tempo inteiro…
Do amor que me envolve
A brisa à beira-mar…
Quando me fitas
Com teu olhar…
Do amor por instinto
Quando estás longe
E logo te pressinto…
Daquele amor feito desejo
No momento em que te beijo…
Do jeito como me abraças
E em meu corpo te enlaças…
Do amor que nutro por ti
Desde o primeiro instante
Em que te conheci…
Do nosso amor no Verão…
E daquela sintonia
Repleta de energia…
Que une teu
Coração ao meu…
Do amor na nossa cama…
Da felicidade de quem ama…
No nosso amor de outrora…
E como vejo os jovens de agora…
Do amor que te dediquei…
Igual ao que hoje te dedico…
Observo o amplo horizonte
E nele vejo em ti
A única fonte…
Nessa fonte
Eu irei beber…
Até o tempo
Um dia…
Me querer…
Vencer…
Rui Pais
10/11/2005
O DEUS DE AMANHÃ
O nosso Deus de amanhã
É o mesmo Deus de outrora
Pense nele logo pela manhã
E verá como sua vida melhora…
Presente em qualquer parte
Conhecedor de toda a arte…
É um Deus benevolente
Piedoso e independente…
O seu reino é tão vasto
Não admite fronteiras…
Ele é tão puro e casto
Não reconhece barreiras…
Esta história que conto em verso
Dedico-a ao Legislador do Universo…
Esteve como está em todas as eras…
Jamais se ausentou nas Primaveras…
É o nosso Deus da eternidade…
O único Senhor da humanidade…
Ele não muda, nós é que mudamos
De tal maneira que o estranhamos…
É devido aos efeitos do progresso
Que nos fazem ver de modo diverso…
Verá Deus de acordo com a evolução
O mesmo Deus da nossa percepção…
Rui Pais
06/11/2005
MEUS VERSOS
Busco-me na minha poesia…
Perco-me no pensamento…
Um majestoso universo
Num hino ao sentimento…
Estes meus versos saltam
Do âmago da minha alma…
E à superfície vão brotando
Da fonte que lhes dá a calma…
Rui Pais
27/09/2005
UM DIA DE VIDA
Se minha vida fosse condicionada a um dia
Gostaria nesse prazo de ver o brilho do Sol…
Uma planície coberta de plantas de girassol…
E entender o que eu fiz nesta minha moradia…
Desejaria sentar-me à beira-mar…
Na praia sentir o cheiro a maresia
Próprio da maré quando baixa, vazia…
Andar descalço no rebentar das ondas…
Notar essa frescura da água e da areia
No ponto onde o oceano já não ondeia…
Gostaria de visitar um colorido jardim
Com muitas árvores, arbustos e flores…
Sentir seus perfumes, ver suas cores…
As mais vistosas de tom carmesim…
Adoraria avistar um amplo rio tropical
E a flutuar nas mornas águas saltitantes
Ver a marcha dum velho barco colonial
No contínuo baixar e subir das enchentes…
Ao longo do rio e em suas margens
Os turistas apreciando as paisagens…
Onde o navio aportava, vinha gente…
Uns para jusante, outros para nascente…
No escuro usufruir da luz do luar…
Olhar os astros no infinito a cintilar…
Numa memorável noite de Verão
Eu encheria de amor teu coração…
Por fim, eu pretendia partir…
Partir durante a madrugada…
Aos primeiros raios de Sol
Que despontassem na alvorada…
E foi pensando que escrevia
O mais eloquente pensamento
Foi esse o instante, em que partia…
Partia ao ser arrastado pelo vento…
Rui Pais
02/11/2005
A TERRA, O TESOURO IGNORADO
A Terra é um autêntico tesouro
Vale muito mais que todo seu ouro…
Tem maravilhas no fundo do mar
São suas relíquias de deslumbrar…
Contém seus luxos submergidos
Por entre escombros já corroídos…
Vistosos corais em meios tropicais
E belas pérolas em ostras naturais…
Cidades que outrora o mar engoliu
Como se tivessem feito um desafio…
Tem navios que o oceano afundou
Nessas águas profundas os desterrou…
Vêem-se abundantes ilhas divinais…
Tantos pinguins, focas, outros animais…
Originadas por consecutivos vulcões
Da sua lava em constantes erupções…
Bem distantes do mundo habitado
Elevaram-se desse fundo ignorado…
E logo reclamaram por um lugar
Que a natureza deverá contemplar…
Com uma flora e fauna específica
Grandiosa, variada e magnifica…
Num clima suave e acolhedor…
Os trópicos são o Éden do amor…
A Terra tem as altas montanhas
A água jorra de suas entranhas…
As florestas emergem desse chão
Em paisagens que tocam o coração…
Há vales verdejantes em variedade
Há lagos sumptuosos em profundidade…
Os diamantes, os rubis, e as esmeraldas
São pedras preciosas por nós cobiçadas…
A Terra a todos abre-nos a porta da vida
Por maior ou menor que seja a caminhada…
É o espaço que lhe foi concedido para viver
Aproveite e desfrute o melhor que souber!
Rui Pais
22/10/2005
E O POETA PARTIU
E o poeta partiu…
Antes de abalar
Ainda sorriu…
Acenou com a mão…
Disse adeus!
Olhou este chão
Por última vez…
Não sei… pensou…
Talvez!?
A seguir olhou o infinito…
Esse vasto vazio dos céus…
Bendito Reino de Deus…
Do Sol, do espaço, do mito…
Eu sentia uma brisa leve…
Lembrei os flocos de neve…
Baixou uma densa neblina…
Surgindo assim repentina…
Não trazia passaporte…
Vinha disfarçada…
Bem camuflada…
Escondendo essa morte…
Poderia ser um devaneio…
Eu pressenti o poeta…
E ele declamava…
Seu canto ecoava
Livre no firmamento
Com seu lamento…
Penso que sonhava…
Ou seria sua voz…
Que quando ecoava
Chegava até nós?
Eu evoquei os sonetos
Do poeta com nostalgia…
Aqueles que ele nos legava
No dia em que se despedia…
Rui Pais
18/10/2005
PORTUGAL E A EVOLUÇÃO
Porque os outros progridem e tu não
Nobre nação?
Porque és mais lento na evolução
Meu país, qual a razão?
O povo luso vive num enclave
Encurralado entre a terra e o mar
Foi deste conclave
Que se expandiu em alto mar…
O mundo está sempre em mudança
Não vez como a Europa avança…
Não podes permanecer eclipsado
Sobre as glórias do teu passado…
Sabes que o progresso é proporcional
E se tu estás na cauda cá para trás
Já examinaste bem o teu condicional
Vais necessitar dum acelerador a gás…
A Europa está bastante na frente
E diz: Esse Portugal que se sustente…
Não vamos atrasar o nosso compasso
O ritmo é lento, nós temos nosso passo…
E o país debate-se nesta conjectura
Se estará capacitado para a aventura…
No passado em tempos já o conseguiu
Agora tem que demonstrar o seu brio…
Rui Pais
11/10/2005
A SOLIDÃO E O SILÊNCIO
Eu vi a solidão e o silêncio tão longe e tão perto
Aqui, como num oásis oculto distante no deserto…
No mar, vi a solidão e o silêncio numa grande armada
Estavam contornando uma enorme ilha escarpada…
A solidão e o silêncio são almas gémeas
E eternos companheiros em viagem…
Chegam como a neblina sem se avistar
E partem como o vento sem se notar…
A solidão é bastante triste e distanciada…
Já o silêncio é mais subtil na sua jornada…
Ambos são essenciais para a nossa harmonia
Onde o homem tira as dúvidas seja noite ou dia…
E neste círculo a alma alimenta sua mente
Para uma apreciação global e consistente…
Ele entende que deste meio jorra o amor…
O amor com que a fonte dá de beber à dor!
Rui Pais
12/09/2005
SAUDADE
Saudade é um sentimento de ausência…
Falta a alma gémea, a nossa carência...
Tem um cantinho especial no coração…
Quando é muito forte causa frustração!
A saudade sente-se em qualquer idade…
Seja individual, familiar ou em sociedade…
É uma energia constante em nosso ser
Como a amizade, o amor, o querer viver!
A saudade é fortalecida pela empatia…
É uma ansiedade na minha alma vazia…
É um jardim enevoado dentro de mim…
É esse Inverno que parece não ter fim!
Saudade é a chuva que cai em meu interior…
É o clima irrequieto que reflecte minha dor…
São as minhas mágoas e o meu padecimento…
É este frio gelado que me deixa sem alento!
Saudade é admirar meu pomar sem o poder podar…
É minha vontade de montar, impedido de cavalgar…
É o meu empenho de chegar junto de meu amor
Sem me poder abeirar da mais aromática flor...
Rui Pais
11/09/2005
DEUS E O UNIVERSO
Senhor, queria escrever um poema
Que falasse de tua grandiosidade
Do teu amor pela humanidade…
Queria entender o meio onde vivo…
Qual é o nosso principal objectivo?
Eu tenho uma grande curiosidade
Na tua obra em prol da sociedade
E anotarei com teu consentimento
O que me ditares no ensinamento…
Se o Universo surgiu de forma caótica
E progrediu como hoje progride a robótica…
Sendo dirigido por um Deus independente
Será este o trilho para um futuro consistente?
Ordenar tudo o que no Cosmos tem vida
Para que tua obra seja melhor absorvida…
Eu não entendo este estranho progresso
Se cada mundo tem seu próprio universo!?
Para o futuro existe um plano progressivo
Que será alcançado em pleno nesse objectivo…
Mas se cada Universo tem um tipo de evolução
Como podes coordenar semelhante gestão?
E ainda, se cada planeta funciona isoladamente…
Sem sequer saber-mos o que vamos encontrar…
Como podes Tu Senhor, organizar uniformemente
Este Cosmos tão extenso e tão particular?
EU cuido de tudo em simultâneo
Uma vez que está bem estruturado
Há um progresso lógico e momentâneo
Que vai avançando num ritmo adequado…
Consiste numa forte estrutura na base
E jamais interromper nenhuma fase…
Método e organização, eis a questão!
Quem se desviar não verá outra salvação…
Rui Pais
19/09/2005
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